Creluz

20220516

VIOLENTO CICLONE PODE TRAZER VENTO COM FORÇA DE FURACÃO

 



A MetSul Meteorologia alerta que um ciclone de trajetória incomum e rara intensidade atingirá o Rio Grande do Sul e Santa Catarina entre esta terça (17) e a quarta-feira (18) com rajadas de vento extremamente fortes e mesmo destrutivas que podem atingir força de furacão em alguns pontos com velocidade acima de 100 km/h em diversas localidades e superiores a 120 km/h em parte do Leste gaúcho.

Trata-se de situação de elevado perigo meteorológico e de extremo risco à população com alta probabilidade de danos e comprometimento de serviços públicos essenciais como luz e água. Moradores de municípios do Sul e do Leste do Rio Grande do Sul devem enfrentar várias horas seguidas de vento muito forte a intenso com rajadas por vezes violentas em intensidade.

Os modelos numéricos convergem em indicar um ciclone de trajetória retrógrada, do mar para o continente, em direção ao Sul gaúcho e que depois se moveria de Sul para Norte sobre o Leste do Rio Grande do Sul ou margeando a costa do Estado até alcançar o Sul de Santa Catarina, onde recurvaria novamente em direção ao oceano, perdendo intensidade.

Todos os dados de modelos meteorológicos, sem exceção, indicam um ciclone muito intenso e com valores de pressão extremamente baixos junto ao Leste do Rio Grande do Sul. A pressão no centro do ciclone pode cair a valores tão baixos quanto 980 hPa ou menos, equivalentes a de um furacão categoria 1 fosse um ciclone tropical no Atlântico Norte.

O modelo norte-americano, em sua saída da madrugada desta segunda-feira, projetava 979 hPa no centro do ciclone junto à costa do Sul gaúcho na tarde da terça-feira, mas à medida que o sistema se desloca para Norte a pressão central tende a subir, embora siga excepcionalmente baixa. Desde o furacão Catarina, de março de 2004, não se observava os modelos indicarem pressão tão extraordinariamente baixa junto à costa do Rio Grande do Sul.

Não há precedentes na história recente de um ciclone tão profundo em meses frios do ano na latitude do como o que os modelos projetam para amanhã e a quarta-feira. Trata-se de uma situação meteorológica extraordinária e que demanda do público e autoridades muita atenção pelos riscos potenciais.

CICLONE COM ESTRUTURA SEMELHANTE A DE CICLONE TROPICAL O consenso na comunidade meteorológica é que se tratará de um ciclone subtropical e que vai ser batizado pela Marinha do Brasil como uma tempestade subtropical de nome Yakecan ou “o som do céu” na língua tupi-garani. O último ciclone a ter sido nomeado na costa brasileira foi a tempestade subtropical Ubá, em dezembro de 2021. Segundo Norma da Autoridade Marítima para Meteorologia Marítima (NORMAM-19), ciclones atípicos (subtropicais e tropicais) que se formam no mar territorial brasileiro são nomeados.

Nas saídas mais recentes dos modelos, os diagramas de fase crescentemente apontaram uma estrutura entre subtropical e tropical para este sistema com centro quente simétrico não só em superfície, mas também em níveis médios da atmosfera. Um dos aspectos de ciclones intenso de natureza híbrida (subtropical) ou extratropical é que se denomina de reclusão quente no centro da tempestade e que, em alguns casos, pode formar até um olho.

Esta é uma possibilidade no ciclone que vai atingir o Leste do Rio Grande do Sul. Os modelos estão a indicar um centro de baixa pressão concêntrico e muito profundo de pequena extensão com semelhanças com o evento de 2004. Chamou a atenção na rodada da 0Z de hoje do modelo WRF da MetSul como no campo de refletividade forma-se uma estrutura típica dos ciclones de natureza tropical com bandas de nebulosidade a partir de um centro fechado de circulação e uma configuração semelhante a de uma pequena parede de um olho.


VENTO PODE ATINGIR FORÇA DE FURACÃO Órgãos oficiais já emitiram avisos sobre a possibilidade de vento muito intenso no Rio Grande do Sul entre amanhã e quarta-feira. O Instituto Nacional de Meteorologia, por exemplo, em comunicado, alertou para vento de até 115 km/h ou mais no Sul gaúcho. As projeções nossas na MetSul, com base nas mais recentes saídas dos modelos, que apresentaram uma concordância maior quanto à trajetória do ciclone margeando a costa, indicam vento mais forte.

A trajetória do ciclone sobre a costa ou margando a costa do Sul ao Norte gaúcho é o pior cenário para a ocorrência de vento, o que explica todos os modelos numéricos estarem hoje indicando velocidades muito altas e acima de 100 km/h em vários pontos. O pior ocorreria no Sul gaúcho, na Lagoa dos Patos e entorno, na área de Porto Alegre e locais mais ao Sul do Litoral Norte.

O Sul e o Leste do Rio Grande do Sul serão as regiões mais castigadas com vento, em média, de 90 km/h a 110 km/h, mas rajadas em alguns pontos que podem atingir de 110 km/h a 130 km/h, em especial no Litoral Sul e na área da Lagoa dos Patos e seu entorno. Enfatizamos que existem dados de modelos projetando velocidades ainda maiores, da ordem de 130 km/h a 150 km/h e isoladamente superiores, sobre áreas do Litoral Sul e da Lagoa dos Patos.

Em Porto Alegre, a estimativa da MetSul é de rajadas, em média, de 80 km/h a 100 km/h, mas, adverte-se, a topografia da cidade e a presença da lagoa ao Sul e do Guaíba a Oeste podem resultar em vento superior a 100 km/h com algumas projeções indicando vento extremo em pontos mais ao Sul da cidade e próximos da Lagoa dos Patos acima de 120 km/h. Cidades mais ao Sul da área metropolitana como Guaíba, Eldorado do Sul e Viamão podem ser igualmente duramente castigadas. O Vale do Sinos, pelo seu relevo, costuma ter vento menos intenso em ciclones, mas pode registrar rajadas muito fortes.

ONDE E QUANTO SE ESPERA O PIOR DO VENTO O ciclone deve ingressar pelo Sul gaúcho, o que fará com que o vento se torne extremo na tarde e noite de terça-feira primeiramente pela região extremo Sul e depois para áreas mais ao Sul da Lagoa dos Patos. Na sequência, na noite desta terça, o campo de vento extremamente forte vai se mover pela Lagoa dos Patos e pelo litoral até áreas mais ao Sul do Litoral Norte. No começo da quarta, o vento sopra forte na Serra e atinge com mais força áreas entre o Norte da Lagoa dos Patos e o Litoral Norte. Por isso, em Porto Alegre, o pior do vento deve ocorrer no final da terça e nas primeiras horas da quarta. Os municípios de maior risco no Rio Grande do Sul por vento muito intenso a extremo são Chuí, Santa Vitória do Palmar, Pelotas, Rio Grande, Capão do Leão, São José do Norte, Piratini, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Morro Redondo, Turuçu, São Lourenço do Sul, Cristal, Camaquã, Mostardas, São José do Norte, Tapes, Camaquã, Sertão Santana, Cerro Grande do Sul, Sentinela do Sul, Mariana Pimentel, Guaíba, Barra do Ribeiro, Eldorado do Sul, Viamão, Porto Alegre, Canoas, Gravataí, Cachoeirinha, Alvorada, Glorinha, Osório, Santo Antônio da Patrulha, Palmares do Sul, Balneário Pinhal, Cidreira, Tramandaí, Xangri-lá, Imbé, Capão da Canoa, Arroio do Sal, Maquiné, Terra de Areia, Três Cachoeiras, e Torres. CHUVA LOCALMENTE FORTE A TORRENCIAL Ciclones intensos, independente da sua natureza (extratropical, subtropical ou tropical), em regra, trazem chuva volumosa. A maior preocupação na passagem deste sistema entre amanhã e quarta no Rio Grande do Sul é vento, mas há risco de chuva por vezes forte a torrencial da tarde para a noite de terça e em parte da quarta-feira. O fato de o ciclone se deslocar muito rapidamente de Sul para Norte reduzirá o risco de acumulados mais extremos de precipitação.

IMPACTO DO CICLONE PODE SER SIGNIFICATIVO Há alta probabilidade de danos na passagem deste ciclone pelo Sul e o Leste do Rio Grande do Sul entre amanhã e a quarta-feira. Adverte-se para a possibilidade elevada de destelhamentos de residências e prédios, quedas de árvores, quedas de postes, colapso de estruturas como placas, etc. Prédios mais altos nas cidades de médio e grande porte por onde passará o ciclone devem ter vento mais intenso nos andares elevados que no nível térreo e há risco de quebras de vidros e quedas de estruturas. Espera-se um impacto muito alto no serviço de energia com a esmagadora maioria dos pontos sem luz na área de concessão da CEEE Equatorial, onde, considerado a projeção de vento, elevado número de clientes deve ficar sem luz. Na área de concessão da RGE, embora se preveja vento forte em áreas do Centro para o Leste gaúcho, as consequências devem ser menos graves que na região de atuação da CEEE. Com falta de luz, há risco de falta de água, uma vez que as estações de DMAE, CORSAN e outros serviços de saneamento são dependentes de energia.(Fonte: MetSul Meteorologia)












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