Um filho pode gerar problemas de relacionamento para o casal, isso é um fato, mas toda mulher irá perder mais a paciência com seu próprio companheiro do que com essa criança gerada
O que é mais difícil para uma mãe: lidar com os filhos ou com o marido?
Para muitas mulheres é o companheiro quem leva a pior nesse embate. Os resultados foram comprovados em uma pesquisa do site norte-americano Today.com, feita com 7 mil mães. Quando perguntadas sobre quais eram suas maiores fontes de estresse, o marido encabeçava a lista de 47% delas, ultrapassando as “categorias” filho e trabalho.
Agir como outra criança que precisa de atenção é um dos fatores que dá pontos extras aos homens da casa.
As participantes do estudo alegaram que, após um dia corrido no trabalho, atenção e preocupação com as crianças e cuidados com a casa, muitas vezes não sobra disposição para se dedicar ao marido, o que acaba gerando cobrança e falta de compreensão – de ambos os lados.
A psicóloga Helena Maffei Cruz, da Associação Brasileira de Terapia Familiar (SP), explica que este tipo de conflito é normal, principalmente após o nascimento de um filho.
Por tudo o que a mulher passa na gravidez, incluindo alterações hormonais, a maternidade é, segundo a especialista, uma experiência emocionalmente forte, que a deixa sensível e preocupada com a fragilidade do bebê.
“Já o homem se vê perdendo o lugar de único objeto de atenção da esposa. Não raro, suas próprias fragilidades e dependências ficam à flor da pele e, muitas vezes, ele sequer consegue entender o porquê”, explica.
Por isso, acontece um descompasso na rotina do casal.
“Para o pai pouco se altera. Ele continua saindo para trabalhar e faz suas atividades normais ao longo do dia. A mulher tem, no mínimo, quatro meses de licença e precisa aprender os ritmos do bebê, amamentar, perder o peso que ganhou na gravidez e voltar a olhar para si como a mulher do marido”, reflete a psicóloga.
A boa notícia é que todo período de adaptação passa. A terapeuta familiar Márcia Moreira Volponi, da PUC-SP, explica que a maturidade do casal no sentido de compreender que a história mudou com o nascimento do bebê acontece com o tempo. O mais importante é que que marido e mulher entendam que não podem abrir mão das necessidades que tinham antes da criança, como sair, viajar, conviver com amigos e, claro, namorar.
Uma ajuda vai bem
Mas, não é só a dificuldade de dividir a atenção entre marido e filho que tem estressado as mulheres. A falta de comprometimento dos homens com as tarefas domésticas é mais uma lenha na fogueira feminina.
Uma em cada cinco participantes da pesquisa do Today.com afirmou não receber a ajuda suficiente do companheiro. Aí fica mesmo difícil não se estressar com um monte de louça para lavar na pia ou uma cama bagunçada.
Um levantamento recente feito pelo Instituto Pew Research (também nos Estados Unidos) mostrou que, de uns tempos para cá, os homens estão assumindo maiores cargas do serviço de casa, o que inclui cozinhar e cuidar das crianças. Porém, as mulheres continuam gastando duas vezes mais tempo com os filhos, independentemente de trabalharem foram de casa ou não.
“As novas gerações começaram a questionar o papel de pai-provedor, antigamente estabelecido. Hoje, a sociedade espera que os pais sejam presentes, levem seus filhos ao parquinho, ensinem a andar de bicicleta e que ajudem também nas tarefas de casa”, diz a psicóloga Helena Maffei. Para os homens que ainda não entraram nessa nova era, a dica é manter um diálogo aberto. Expor suas necessidades e pedir ajuda ao companheiro é uma boa forma de tentar dividir melhor as tarefas.
Um outro estudo liderado pela Universidade de Utah (EUA), mostrou que os casamentos são mais felizes quando marido e mulher dividem as atividades de casa. “Quando a mulher percebe que o marido está envolvido com as tarefas, o relacionamento fica melhor para ambos. Fazer atividades domésticas e demonstrar engajamento com os filhos são coisas que fazem os homens se conectarem mais a elas”, conta Adam Galovan, um dos autores do texto.
Para não deixar a relação esfriar
Estresse e irritação fazem parte do ambiente familiar. O que não pode é deixar que essas chateações se tornem grande parte do dia do casal. Confira três dicas simples para você não deixar o casamento esfriar após o nascimento dos filhos. Confira:
1. Conversem bastante. Para quê sofrer em silêncio? Se alguma coisa não está boa, a primeira coisa que você deve fazer é expor o problema ao companheiro. Só assim vocês vão conseguir pensar em soluções.
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2. Ache tempo para vocês. Não estamos falando exclusivamente de sexo. Depois do nascimento do filho, é importante que o casal ache uma brecha para conversar, se abraçar e passarem um tempo juntos – e sozinhos. Nessa hora, vale contar com o apoio de amigos e familiares para cuidar das crianças. Ainda que vocês bebam um bom vinho e falem o tempo todo das crianças, um momento como nos velhos tempos reanimará a relação.
3. Não infantilize a relação. Viver com uma criança faz você falar com vozinhas esquisitas e fazer brincadeirinhas “de criança”. Porém, nada de usar esses truques enquanto conversa com o companheiro (ou com qualquer parente ou amigo). Não se esqueça que antes de virarem pai e mãe, vocês eram marido e mulher.
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