O ano de 2017 foi marcado por recordes no combate ao tráfico no Rio Grande do Sul. A Polícia Civil, por meio do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), apreendeu mais de 4 toneladas de maconha entre janeiro e setembro deste ano. Em todo 2016, foram 2,15 toneladas. Ou seja, em nove meses foram apreendidos mais do que o dobro dos 12 meses do ano passado. Entre as drogas sintéticas também foi possível notar um considerável aumento: 14.420 unidades, somando “pontos” de LSD e comprimidos de Ecstasy apreendidos no mesmo período. O volume nesses meses também já é superior ao confiscado em 2016: 13.726. No total, a Polícia Civil e a Brigada Militar apreenderam 8,6 toneladas de maconha este ano. “Para este período, é um número muito expressivo”, ressalta o diretor de investigações do Denarc, delegado Mario Souza.
Com planejamento focado em operações especiais e ações pontuais, o delegado reforçou a atuação do departamento. O principal objetivo do Denarc é o enfrentamento ao narcotráfico através do enfraquecimento de facções. Para isso, os principais focos da área operacional são o transporte por determinadas rotas e armazenamento de grandes quantidades de entorpecentes. A programação dos policiais é definida através de um planejamento estratégico anual, desenvolvido pela chefia da Divisão Operacional do Denarc. “Desde quando começamos a contabilizar as apreensões do Denarc, 2017 foi o ano em que mais se apreendeu maconha”, ressalta Souza.
Em 2012 havia sido registrado um dos maiores números de apreensões de maconha pela Polícia Civil pelo Denarc. Foram 2,36 toneladas em 12 meses. Este ano, o departamento já alcançou quase o dobro. Antes disso, em 2004, houve a apreensão de 2,32 toneladas. Os recordes não se devem, apenas, ao aumento da circulação da droga no Estado, mas à eficiência e ao número de investigações e ações desenvolvidas pela Polícia Civil, especialmente voltadas às facções. “A maconha é uma droga que nas últimas décadas sempre esteve presente com considerável procura pelos usuários no Rio Grande do Sul”, diz.
Em junho deste ano, durante a Operação Rosa dos Ventos, a 2ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico (2ªDIN/Denarc) apreendeu aproximadamente 1 tonelada de maconha no pedágio da BR 290, em Eldorado do Sul. Um caminhoneiro foi preso em flagrante por tráfico de drogas e teve o veículo apreendido. Foram 60 dias de investigações para monitorar a movimentação de drogas que estaria sendo realizada no Estado. Os policiais montaram uma operação na BR 290, com o objetivo de interceptar a carga A droga seria distribuída na Capital, Região Metropolitana e no Interior. Esta foi uma das maiores apreensões do ano.
Uma das substâncias que foi possível notar aumento na circulação é o ecstasy, considerado juntamente com o LSD os carros-chefe das sintéticas. O número de registros de drogas sintéticas, principalmente ecstasy, começou a ficar expressivo em 2008, mas ainda era considerado baixo. A partir de 2015, ápice da droga, a situação vem se agravando, diferentemente da maconha, que sempre esteve no auge. Em agosto de 2016 foram encontrados na Operação Pequeno Príncipe, no município de Portão, 5 mil comprimidos de ecstasy. Este ano também foi registrado recorde de apreensão de LSD, com 6,21 mil pontos da droga entre janeiro e setembro. Em 2016, foram 3,76 mil e, em 2015, 2,71 mil.
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PRF prende homem com 15 quilos de maconha na BR 290 | Foto: PRF / Divulgação / CP |
A Operação Chuva Ácida, da Polícia Civil, realizada em julho deste ano, foi uma das principais responsáveis pelo recorde nas apreensões de LSD. Uma mulher foi detida na Estação Rodoviária de Caxias do Sul, na Serra, transportando aproximadamente 5 mil pontos de LSD, que poderiam resultar em 20 mil micropontos. “É uma droga potente, pequena, sem cheiro, difícil de ser apreendida e perigosa. Uma única dose pode levar à perda da consciência”, explica Souza, que continua com a investigação para chegar até o líder da organização criminosa.
O motivo do tráfico é econômico. Onde há demanda, há oferta. A Operação Noturna - que teve início em 2011 - também é desenvolvida pelas equipes de investigação do Denarc. O foco é o combate ao tráfico de drogas sintéticas, que geralmente circulam em eventos diversos, realizados normalmente à noite, seja na Capital, seja na região Metropolitana. “São os locais mais comuns de venda das drogas sintéticas, onde estão os jovens. Esta é uma ação pontual, mas dentro de um contexto especial”, salienta. Segundo ele, o traficante usa a festa rave para conseguir vender as drogas. “É um lugar propício, com muitos jovens”, diz. Outros focos do Denarc são as operações Expresso, realizada no entorno da Estação Rodoviária de Porto Alegre e a Central, desenvolvida na região Central da Capital. “É preciso direcionar nossos esforços para momentos e locais onde seja possível atingir mais eficiência”, destaca.
As maiores apreensões de drogas comuns (maconha, crack e cocaína), porém, não são realizadas em Porto Alegre. “Não é rotina existirem apreensões gigantes na Capital”, indica. O que não serve para o armamento, por exemplo, pois a maior apreensão de armas ocorre justamente em Porto Alegre. Conforme o delegado, as apreensões de maior expressão são feitas, geralmente, em municípios da Região Metropolitana e, há pouco tempo, também no Litoral.
Correio do Povo
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