Junho de 2021. Se o plano estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) for seguido à risca, esta é a data em que o Rio Grande do Sul irá suspender a vacinação contra a febre aftosa, colocando um ponto final em uma longa discussão. Os detalhes do planejamento feito pelo governo federal foram apresentados durante a 44ª reunião da Comissão Sul-Americana para Luta Contra a Febre Aftosa (Cosalfa), ocorrida entre os dias 3 e 7 de abril em Pirenópolis (GO).
No Rio Grande do Sul, o último foco de aftosa foi registrado em 2001. Pelo cronograma do Mapa, o Estado será um dos últimos a retirar a vacina. A imunização deve ser suspensa de forma gradativa, em blocos, a partir de maio de 2019, a começar por Acre e Rondônia. O Rio Grande do Sul integra o bloco 5, junto com Santa Catarina, que é o único Estado do país onde a vacinação já foi suspensa.
Segundo o fiscal federal agropecuário Bernardo Todeschini, do Serviço de Saúde Animal da Superintendência do Mapa no Rio Grande do Sul, isso não impede que a retirada da vacina em solo gaúcho possa ocorrer antes ou depois deste prazo. “O Rio Grande do Sul e o seu bloco têm a responsabilidade de tomar a iniciativa e trabalhar para definir os seus próprios prazos. Isso é muito mais relacionado ao desenvolvimento de condições específicas de trabalho, da capacidade de gestão de fatores de risco e a apresentação disso para o grupo que gerencia, em Brasília”, observa.
Pelo cronograma do Mapa, além do Rio Grande do Sul devem suspender a vacina em junho de 2021 outros 12 estados. Com isso, o Estado ficou atrás de estados que ainda não são considerados áreas livres de aftosa - caso de Roraima, Amazonas e Amapá. Segundo Todeschini, o critério prioriza o reconhecimento aos estados que produzem animais que, em sua maioria, são enviados para recria e/ou abate em outros estados. “Desta forma, o processo de reconhecimento não afetará negativamente os fluxos comerciais já existentes em nível nacional, pois estados livres sem vacina não podem receber animais vacinados”, explica.
Para os próximos quatro anos, a aproximação com os países vizinhos é um dos focos da defesa agropecuária gaúcha. “Nossa realidade precisa ser discutida com Uruguai e Argentina, porque temos uma grande faixa de fronteiras”, defende o secretário estadual da Agricultura, Ernani Polo. Tanto Argentina (exceto no Sul do país) quanto o Uruguai mantêm a vacinação contra aftosa e não têm planos de retirá-la neste momento. O mesmo ocorre com o Paraguai.
Os uruguaios, pelo menos, demonstram interesse em dialogar. Um contato preliminar já foi feito com os autoridades daquele país durante a reunião da Cosalfa, quando ficou acordado que devem ocorrer três encontros, ainda em 2017, na região fronteiriça. O tema será a retirada da vacinação e a sanidade animal em geral. Na América do Sul, apenas Chile e Peru já suspenderam a vacinação em todo o seu território.
Outro desafio dos próximos quatro anos, citado por Polo, é o fortalecimento das ações de defesa agropecuária. “Desde o último foco ocorrido no Estado está se buscando a ampliação do sistema de defesa”, afirma. Embora defenda a mudança do status sanitário, o secretário afirma que trata-se de uma decisão técnica, e não política.
Uma das principais justificativas para a conquista do novo status sanitário é a abertura de novos mercados para a carne, em especial na suinocultura. O suíno é uma espécie suscetível, mas não portadora da doença. Alguns mercados mais exigentes, como o Japão, exigem que o produto seja originário de regiões onde não exista a vacinação - mesmo que os suínos não sejam vacinados. Outra alegação para a retirada da vacina é o custo que a imunização representa para o setor bovino, cerca de R$ 470 milhões. (Fonte: G1)
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