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20170124

'Doença da urina preta': o que a ciência já descobriu sobre o problema

Em dezembro de 2016, moradores de Salvador e de dois municípios da região metropolitana da capital começaram a buscar os serviços de saúde com fortes dores musculares e urina escura. Desde então, mais de 50 pessoas tiveram os sintomas. Duas delas morreram. Veja o que médicos e pesquisadores já sabem sobre a doença misteriosa até o momento:

uantas pessoas foram afetadas?

Houve 57 casos. Na Bahia, 52 apresentaram os sintomas: 50 em Salvador, 1 em Vera Cruz e 1 em Lauro de Freitas, ambos municípios da região metropolitana da capital. No Ceará, 5 casos foram registrados. Duas pessoas da Bahia morreram com os sintomas.

Novos casos continuam aparecendo?

Não houve novas notificações desde o dia 5 de janeiro na Bahia. Os casos mais recentes foram registrados no Ceará.

Quais são os sintomas?

Pacientes têm dores fortes no pescoço e nos músculos. Em alguns casos, apresentam urina escura e insuficiência renal.
Esses sintomas sugerem um quadro de rabdomiólise, que é a morte das células musculares por inflamação. Quando essas células morrem, liberam no sangue uma proteína chamada mioglobina, de coloração escura. A mioglobina é filtrada pelos rins, por isso a urina fica escura. Além disso, como a mioglobina é tóxica aos rins, uma grande quantidade presente no sangue pode levar à insuficiência renal.
A rabdomiólise pode ter causas físicas (esforços físicos extremos ou trauma por esmagamento), químicas (toxinas ou drogas) ou infecciosas (por vírus ou bactérias).
Por causa desses sintomas, a doença tem sido tratada nos boletins epidemiológicos como "mialgia aguda a esclarecer" (mialgia significa dor muscular).

Qual o perfil dos pacientes?

Segundo o infectologista Tiago Lobo, que atendeu vários pacientes com o quadro, a maioria das pessoas afetadas são de classe média alta, o que sugere que a doença não tenha relação com falta de saneamento básico.

O que provoca a doença?

Ainda não há uma conclusão definitiva. As duas principais hipóteses consideradas são:
Intoxicação por peixeDos 52 pacientes da Bahia, 44 afirmaram terem comido peixe e 8 disseram que não comeram. Os peixes consumidos foram das espécies olho de boi e badejo.
Existem casos registrados em vários lugares do mundo de pacientes com sintomas parecidos aos da Bahia e do Ceará provocados pela ingestão de peixe, classificados como doença de Haff. Em 2008, um surto de doença de Haff ligado ao consumo do peixe pacu-manteiga atingiu 27 pessoas no Amazonas.
Desde 1924, quando a doença foi descrita pela primeira vez, houve surtos registrados na Suécia, estados da antiga União Soviética, Estados Unidos e China. (G1)

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